As Portas de Gondolin

Turgon, guiado por Ulmo, descobriu o vale escondido de Tumladen, rodeado por um anel de montanhas altas e ínvias e aí começou a construir secretamente a bela cidade de Gondolin, oculta dos olhos de todos. A cidade foi construída no monte-ilha de Amon Gwareth, rodeado por uma planície verdejante e era tão bela que se podia comparar com a élfica Tirion, a cidade dos elfos em Aman, com as suas altas e brancas muralhas e a imponente torre do rei. Fontes luminosas jorravam em abundância e Turgon fez nos seus pátios, com a sua arte élfica, Glingal, a árvore de flores de ouro e Belthil, a árvore de flores de prata, em memória às antigas Àrvores de Valinor. Turgon tudo fez para que a sua bela cidade permanecesse oculta, pois Ulmo advertira-o que aquele seria o reino élfico que mais longamente resistiria a Morgoth. Assim, o reino escondido de Gondolin, oculto pelas suas montanhas e vigiado por Thorondor, Senhor das Águias, foi durante muito tempo um tormento para Morgoth, que muito desejava saber a sua localização.
Só havia uma forma de se entrar em Gondolin: através de um carreiro secreto e subterrâneo, o leito rochoso do rio Dry. E essa passagem estava guardada por sete portas construídas pelos Eldar. A primeira era a Porta de Madeira, feita de grandes barras de madeira cruzadas, maravilhosamente trabalhadas e crajejadas de pregos de ferro. Era levadiça e estava rodeada por colunas altas, esculpidas nas rocha; Elemmakil era o chefe da guarda dessa porta.
Depois de se seguir por uma íngreme ravina, chegava-se à Porta de Pedra, construída por um único bloco de pedra, com uma grande arcada, com fortes torres de pedra em cada margem. A porta girava sobre um eixo oculto; e os guardas dessa porta vestiam de cinzento.
Mais adiante ficava a Porta de Bronze: uma grande porta dupla, coberta de escudos e chapas de bronze onde estavam gravadas muitas figuras e estranhos sinais. Na parede, por cima da padieira, havia três torres quadradas, com telhado e revestimento de cobre, que brilhavam como fogo sob os raios das lanternas vermelhas, alinhadas como tochas ao longo da parede. Os guardas dessa porta vestiam umas cotas de malha que brilhavam como lume; e as lâminas dos seus machados eram vermelhas. Na sua maioria, os que guardavam aquela porta eram da raça dos Sindar de Nevrast.
Depois de uma íngreme encosta, ficava a quarta porta, rodeada por uma forte muralha, a Porta de Ferro Forjado. Quatro torres de ferro erguiam-se sobre ela e entre as duas torres interiores encontrava-se a imagem de uma grande águia feita de ferro, o retrato do próprio rei Thorondor, como pousaria numa montanha vindo dos altos ares. Era adornada com ramos carregados de folhas e flores e troncos de árvores entrelaçados, dispostos em três gradeamentos. Os guardas da Porta de Ferro vestiam de preto e mascaravam-lhes o rosto viseiras com um bico de águia.
A muralha da quinta porta, a Porta de Prata, era construída de mármore branco e o seu parapeito era uma grade de prata entre cinco grandes globos de mármore; viam-se muitos archeiros vestidos de branco. A Porta era na forma como três partes de um círculo e feita de prata e madrepérola de Nevrast, numa semelhança da Lua; mas, por cima da porta, sobre o globo do meio, erguia-se uma imagem da árvore Branca de Telperion, feita de prata e malaquite, com flores feitas de grandes pérolas. Para lá da porta, num pátio de largo pavimentado de mármore verde e branco, encontravam-se archeiros de cota de malha de prata e elmos de crista branca. Seguia-se uma comprida estrada branca que ia direita à sexta porta. A extensão de relva tornava-se mais larga e havia muitas flores que pareciam botões de ouro e pequenas flores que lembravam estrelas de prata.
A Porta de Ouro era a última das antigas portas de Turgon construídas antes da Batalha das Lágrimas Inumeráveis e era muito semelhante à porta de prata, com a diferença que a muralha era construída de mármore amarelo e os globos e o parapeito eram de ouro vermelho. Havia seis globos e no meio, numa pirâmide de ouro, encontrava-se a imagem de Laurelin, a Árvore do Sol, com flores de topázio em compridos cachos presos a cadeias de ouro. E a porta era adornada com discos de ouro com muitos raios, à semelhança do Sol, colocados entre ornamentos de granada, topázio e diamentes amarelos. Os guardas dessa porta vestiam cotas de malhas douradas e tinham arcos compridos e espetadas nos seus capacetes, altas plumas douradas e os seus grandes escudos redondos eram vermelhos como fogo.
A estrada seguia , através dos montes verdes com os cumes cobertos de neve, e assim se chegava à sétima porta, a Porta de Aço. Foi feita por Maeglin, depois do regresso da Batalha das Lágrimas Inumeráveis.
Não havia nenhuma muralha, mas de cada lado erguiam-se duas torres redondas de grande altura, com muitas janelas, a afunilar ao longo de sete andares para um torreão de aço brilhante, e entre as cercas havia uma forte cerca de aço que não enferrujava, antes cintilava frio e branco. Sete colunas de aço se erguiam, com a altura e diâmetro de árvores jovens, mas terminando num espigão aguçado, que se tornava fino como uma agulha. Entre as colunas havia sete barras de aço atravessadas e em cada espaço, sete vezes sete varas de aço verticais, com cabeças como lâminas largas de lanças. Mas ao centro, acima da coluna do meio e da maior, erguia-se uma poderosa imagem do elmo real de Turgon, a coroa do reino escondido, adornada de diamentes. Batendo numa barra, a cerca vibrava como uma harpa de muitas cordas e emitia notas claras que corriam de torre para torre. Colocando as mãos na cerca, as grandes portas abriam-se para o interior de cada lado da coluna da coroa. Ecthelion, Senhor da Fonte, e o seu povo eram os guardas da porta grande; vestiam de prata e os seus escudos eram cravejados de cristal.
Só passando essa porta e chegando a um alto relvado que ficava voltado para o vale, se podia ver Gondolin, branca e bela no meio da planície verdejante, rodeada pelas suas altas montanhas.
Imagens retiradas de http://welcome.to/gondolin