Gondor

A ler a maravilhosa obra do professor J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis, quem nunca se perguntou como se criou o magnífico reino de Gondor? Quem foram os Reis de Gondor? E o que eram os Mordomos?
Gondor era um nome de reino e não uma região, mas as terras interiores de Gondor ficavam ao longo da costa da Terra-média e ao longo do curso sul do Anduin, cercando as Ered Nimrais (Montanhas Brancas). Gondor também incluía uma terra Élfica e cercava várias terras-natais de muitos povos: Drúedain em Druwaith Iaur (no oeste, perto do Cabo de Andrast) e na Floresta Drúedain (no lado leste das Ered Nimrais); Homens dos Vales das Ered Nimrais (de onde vieram Homens de Bree em Eriador); povos pesqueiros; e talvez alguns povos dos Edain.
Mapa de Gondor
Para percebermos a criação deste Reino, temos que voltar muito atrás no tempo, mais precisamente da criação de Númenor.
Elros Tar-Minyatur foi o primeiro Rei de Númenor, e 3223 anos mais tarde Ar-Pharazôn casa à força com a sua própria prima para poder ser rei desta terra. Sendo o mais orgulhoso e mais poderoso, desafiou Sauron, o Grande, pela supremacia da Terra Média, mas o poder de Númenor estava no seu apogeu, e o seu poderio e esplendor era enorme. Sauron nunca teria tido forças para conseguir derrotar aquele exército, e humilhou-se, prestou homenagem ao rei, pediu perdão mas foi feito prisioneiro e levado para Númenor. Mal sabiam eles o poder que este servidor de Morgoth tinham. Ao passar dos anos foi conseguindo os favores do rei, até que se tornou o seu mais fiel conselheiro. A partir deste ponto da história, grande parte dos Numenorianos voltaram-se para a adoração do escuro, graças às mentiras de Gorthaur. Tão grande foi o “feitiço” que este lançou sobre o Ar-Pharazôn, que o convenceu a atacar Valinor, a terra dos Valar. Nunca alguma vez se viu um exército tão grande e tão potente. Mas mal pisaram a terra de Aman, os Valar invocaram Eru Ilúvatar, criador de Arda, e este mudou a forma do mundo, abrindo uma fenda a meio de Belegaer, fazendo com que Númenor fosse arrasado. Este foi o preço que pagaram por desrespeitar a regra imposta dos Valar.
Mas nem todos se perderam deste afundamento, pois nem todos tinham dado ouvido a Sauron. Os Senhores do Andúnië continuavam fiéis a tudo o que os Valar e os Eldar lhes tinham ensinado. Os últimos chefes dos Fiéis (e senhores do Andúnië) eram Elendil e os seus filhos. Descendiam também da linhagem de Elros Tar-Minyatur, mas não tinham direito à realeza. Estes escaparam da submersão com nove navios ao todo, levando com eles uma semente de Nimloth e as sete Palantíri. Após fugirem foram levados para as costas da Terra Média, e fundaram os reinos do Exílio: Arnor no Norte e Gondor no Sul.
Podem ver um mapa sobre as viagens dos Numenorianos Aqui!
Visto que Elendil foi levado para Norte, fundou o reino de Arnor. Os seus filhos foram levados para Sul, e chegaram ao porto de Pelargir, que muito antes tinha sido fundado pelos fiéis, e por esta razão foram bem acolhidos pelos amigos dos elfos que lá residiam. Aí fundaram o seu próprio reino, apesar de Elendil ser o Rei supremo. A capital de Gondor situava-se nas margens do Anduin, e era a cidade de Osgiliath. OS Númenorianos construíram lá uma grande ponte, na qual havia torres e casas de pedra de aspecto maravilhoso, e navios altos vinham do mar para os cais da cidade. Ficamos com uma ideia de que a cidade era realmente “à la Númenoriano”, ou seja, grandiosa. Mas eles não se ficaram só por esta cidade. Construíram também duas maravilhosas cidades de cada lado das margens: Minas Ithil, a Torre da Lua Nascente, a Leste, numa espalda das montanhas da Sombra, como uma ameaça a Mordor; e a oeste ficava Minas Anor, a Torre do Sol-Poente, aos pés do monte Mindolluin, como um escudo contra os homens selvagens dos vales. A casa de Anárion ficava em Minas Anor, mas a de Isildur em Minas Ithil, mas os dois irmãos compartilhavam o poder em Osgiliath, e os seus tronos estavam lado a lado, no grande palácio.
Ao contrário do que eles pensavam, Sauron não foi destruído na queda de Númenor, e sendo assim regressou secretamente a Mordor, e aí construiu a sua poderosa torre: Barad-dûr, a Torre Negra. Este preparou a guerra contra os Númenorianos que tinham escapado e contra os elfos que ainda viviam na Terra Média, e quando Orodruin começou a libertar fumo para as criações de Sauron, os Númenorianos perceberam que ele tinha regressado, e deram um novo nome ao vulcão: Amon Amarth, isto é, o Monte da Condenação. Gorthaur chamou a si muitos servidores vindos de Oriente e do Sul, e entre estes, encontravam-se Númenorianos negros, que anos atrás lhe tinham prestado fidelidade. Graças ao poder de Gil-Galad, estes povos instalaram-se apenas para Oriente e Sul, e dois entre os Númenorianos conquistaram grande poder, e se tornaram grandes senhores dos Haradrim: Herumor e Fuinur.
Quando Sauron julgou que o seu poder estava completo, atacou Minas Ithil, conquistou-a e destruiu a árvore branca que Isildur tinha lá plantado, mas este salvou-se com a mulher e os filhos, fugindo de barco pelo Anduin a baixo, à procura do seu pai, e levando também com ele o último rebento da árvore branca. Entretanto Anárion conseguiu defender Osgiliath das forças de Sauron, e repeli-las para as montanhas, mas novas forças foram reunidas pelo servo de Morgoth, e o filho de Elendil percebeu que se não recebesse ajuda, Gondor não iria resistir por muito tempo.
Elendil e Gil-Galad conferenciaram juntos, e perceberam que Sauron estava a tornar-se demasiado forte, e sendo assim, constituíram a Última Aliança. Esta era constituída pelos exilados Númenorianos e pelos Elfos que ainda viviam na Terra Média. Este exército parou por um tempo em Imladris (Rivendell), e diz-se que foi o mais belo e mais esplêndido em armamento do que qualquer outro que se viu a seguir a este acontecimento, e nenhum maior tinha sido reunido desde a Guerra da Ira, em que as hostes dos Valar marcharam contra Angband.
De Imladris atravessaram as Montanhas Nebulosas e marcharam pelo Anduin abaixo, e finalmente a batalha desenrolou-se na planície de Dagorlad, às portas de Mordor (não à Morannon pois esta ainda não existia, mas na planície à sua frente). Todas as raças foram dividas nesta batalha, e podia-se encontrar qualquer espécie a lutar, até de animais e aves foram encontrados em cada exército. Apenas os elfos não se dividiram e todos combateram do lado de Gil-Galad. Doa Anões, poucos combateram, mas a família de Dúrin, de Mória combateu contra Sauron.
O exército de Gil-Galad e Elendil obteve a vitória pois a força dos Elfos era ainda grande, e os Númenorianos eram fortes, altos e terríveis na sua ira. A Aeglos, a lança de Gil-Galad e a Narsil, a espada de Elendil, ninguém sobrevivia.
Após esta vitória, as forças da luz entraram em Mordor e cercaram Barad-dûr, e este cerco durou 7 anos, em que durante este tempo, sofreram pesadas baixas, devido aos fogos, os dardos e das setas do inimigo. Foi aí que Anárion foi morto por uma pedra lançada da Torre Negra e que o esmagou. O cerco tornou-se tão rigoroso que o próprio Sauron saiu finalmente para a luta, e combateu contra Elendil e Gil-Galad. Ambos foram mortos, e a espada de Narsil quebrou-se quando o seu dono caiu sobre ela, mas Isildur com os copos da espada do pai conseguiu cortar o anel dominante da mão de Sauron. Então, este foi vencido e abandonou o seu corpo, e o seu espírito fugiu para muito longe, sem se manifestar durante muito tempo.
Mapa da Ultima Aliança
Assim começou a 3ª Era do Sol. Os servidores de Sauron foram destruídos ou fugiram; Barad-dûr foi arrasada, mas os seus alicerces continuavam lá; foi feita uma guarda para Mordor, construindo a Porta Negra de Mordor, param evitar que algum mal de lá saísse, mas ninguém lá permaneceu muito tempo, e após a Peste Negra, em que foi abandonada, Sauron lá a fortificou e passou a ser uma vigilância para quem quisesse entrar em Mordor.
O mal estava condenado a voltar, pois o Um Anel não tinha sido destruído. Mesmo após Elrond e Círdan aconselharem Isildur a destruiu o Anel na Montanhas de Fogo, ele preferiu ficar com ele, pois disse:
- Com isto fico, como compensação pela morte do meu pai e do meu irmão. Não fui eu que desferi ao inimigo o golpe mortal?
Isildur voltou a Gondor, e aí recebeu a Elendilmir como rei de Arnor. Permaneceu um ano em Gondor a organizar estas terras e plantou a árvore branca em Minas Anor, em memória do seu irmão, mas a maior parte do exército de Arnor regressou à sua terra.
Quando se sentiu preparado para regressar a Imladris, onde tinha deixado a sua mulher e o seu filho, confiou o reino do sul a Meneldil, filho de Anárion, e marchou para Norte a partir de Osgiliath, abandonando assim Gondor, para nunca mais lá voltar. Tinha decidido que ficaria com o reino de Arnor, para poder estar longe de Mordor.
Ao definir as fronteiras de todas as terras que Gondor reivindicava, construiu o túmulo de Elendil no alto do monte Eilenaer, depois chamado Amon Annar, “Monte do Temor”. Ficava perto do centro das terras de Gondor, e passou a ser um santuário onde só podia ir o rei e aqueles que ele trouxesse consigo. Isildur deu a Meneldil o conselho que o rei deveria visitar o santuário, especialmente quando sentisse necessidade de sabedoria, em tempos de perigo ou angústia; e também lá deveria levar o seu herdeiro, quando atingisse a idade adulta, falar-lhe da construção do santuário e revelar-lhe os segredos do reino. E Meneldil seguiu o conselho de Isildur.
Isildur também escreveu um pergaminho, em que contava tudo o que tinha descoberto sobre o Um Anel; pois achava importante que ficasse um registo em Gondor, onde também viviam os herdeiros de Elendil, não fosse chegar um tempo em que a memória desse assunto fosse importante: e foi esse pergaminho que fez Gandalf ter a certeza que o anel de Frodo era na verdade o Um.
Com Isildur iam os seus três filhos, e a sua guarda de duzentos cavaleiros e soldados. Quando chegaram aos Campos de Íris aconteceu o impensável: foram atacados por um grupo de Orcs. Quase todos os Dúnedain morreram, pois apenas três sobreviveram, e um destes era Othar, escudeiro de Isildur que fugiu por ordem deste com os restos de Narsil. Isildur conseguiu fugir graças ao Anel, mas foi atraiçoado por este e morto pelos orcs.
Assim chegou Narsil às mãos de Valandil, último filho vivo de Isildur que tinha estado em Imladris (Elendur, Aratan e Cityon, irmãos de Valandil, tinham sido mortos do desastre dos Campos de Íris.
Após a morte de Anárion, Gondor possuiu 31 reis. A guerra nunca terminou permanentemente nas fronteiras deste reino, mas durante mais de 1000 anos, os Dúnedain do Sul viram aumentar o seu poder e a sua riqueza, por terra e por mar até ao reinado de Atanatar II, que recebem u nome de Alcarin, o Glorioso, em 1226 da 3ª Era. No entanto, os sinais de decadência de Gondor já tinham aparecido, pois os homens importantes casavam tarde e os seus filhos eram poucos. O primeiro rei sem descendência foi Falastur, em 913, e o segundo foi Narmacil I, filho de Atanatar Alcarin, em 1294.
Ostoher, 7º rei de Gondor, em 492, reconstruiu Minas Anor, onde depois os reis passaram a viver no Verão, em vez de Osgiliath. Foi no seu reinado que pela primeira vez, os homens selvagens de Leste atacaram Gondor. Tarostar, seu filho, venceu-os e expulsou-os, e tomou o nome de Rómendacil “Vencedor de Leste”, mas veio a morrer em combate contra novas hordas de easterlings. Turambar, o seu filho, vingou-o e conquistou muito território para Leste.
Tarannon, o 12º Rei de Gondor, iniciou a dinastia dos Reis dos Barcos, pois construiu armadas e estendeu a influência de Gondor ao longo das costas ocidental e meridional das Bocas do Anduin. Para comemorar as suas vitórias como capitão dos exércitos, Tarannon recebeu a coroa como Falastur, Senhor das Costas, em 830 da 3ª era.
A Rainha Berúthiel foi sua esposa. Vivia em Osgiliath, mas não gostava do mar, odiava cores e bonitos adornos, e os seus jardins estavam cheios de estátuas atormentadas. Ela tinha nove gatos pretos e um branco, que eram seus escravos e com quem conversava: ordenava-lhes que descobrissem todos os negros segredos de Gondor, de modo que ela sabia tudo o que se passava. Mandava os gatos negros espiar os segredos, e o gato branco espiar os pretos: não confiava mesmo em ninguém!!!
Todos em Gondor odiavam os gatos (e a Rainha), mas ninguém se atrevia a tocar-lhes. O rei, já farto das suas intrigas, mandou que a metessem num barco sozinha com os gatos e lançaram-na à deriva no mar. O seu nome era tão detestado que foi depois apagado do Livro dos Reis, mas a memória do povo continuava a falar da rainha Berúthiel e dos seus gatos, que sabiam sempre o caminho para casa. Por esta razão, Falastur foi o primeiro rei sem descendência e depois da sua morte sucedeu-lhe o seu sobrinho, Eärnil I.
Eärnil I, que reparou o porto de Pelargir e, em 933 de 3ª Era, construiu uma grande armada e cercou Umbar por terra e por mar, conquistou-a e tornou-a num grande porto e fortaleza de Gondor. Os Numenorianos Negros fugiram e juntaram-se aos Homens de Harad, e durante muitos anos tentaram recuperar a sua cidade, não o conseguindo devido ao poder naval de Gondor.
Mas Eärnil I não sobreviveu muito tempo ao seu triunfo: em 936 perdeu-se com muitos barcos numa grande tempestade ao largo de Umbar.
Sucedeu-lhe o seu filho Ciryandil, que continuou a construir barcos. Os Homens do Harad, comandados pelos Númenorianos Negros que tinham sido obrigados a fugir, atacaram a fortaleza de Umbar com grandes forças, e Ciryandil caiu em combate, em Haradwaith, em 1015. Sucedeu-lhe o seu filho, Ciryaher, que foi o 4º rei desta dinastia.
Umbar foi atacada durante muitos anos, mas foi impossível conquistá-la devido ao poder naval de Gondor. Ciryandil aguardou uma oportunidade e, quando conseguiu reunir uma grande força, partiu por terra e por mar, (em 1050 da 3ª era), atravessaram o rio Harnen e infligiram uma derrota total aos Homens de Harad, cujos reis foram obrigados a reconhecer a soberania de Gondor.
Gondor alcançou o apogeu do seu poder. Ciryaher adoptou o nome de Hyarmendacil, o "Vencedor do Sul".
Mapa de Gondor no reinado de Hyarmendacil
Nenhum inimigo ousou contestar o poder de Hyarmendacil durante o resto do seu longo reinado, que durou cento e trinta e quatro anos. No seu tempo, o reino estendeu-se para Norte até Celebrant e aos beirais meridionais da Floresta Verde; para Ocidente, até ao Enxurrada Cinzenta, para Leste até ao mar interior de Rhûn e para Sul até ao rio Harnen; e daí, ao longo da costa, até à península e porto de Umbar.
Os Homens dos Vales do Anduin reconheceram a sua autoridade e os reis do Harad prestaram preito a Gondor e os seus filhos viveram como reféns na corte do rei. Mordor era uma terra desolada, mas vigiavam-na as grandes fortalezas que guardavam os desfiladeiros. No entanto, é nesta altura que cai uma sombra na Floresta Verde, e os Homens começam a chamar-lhe Floresta Tenebrosa.
Com a morte de Hyarmendacil, terminou a Dinastia dos Reis dos Barcos. O seu filho, Atanatar Alcarin viveu num grande esplendor, mas não fez nada para conservar o poder que herdara, bem como os seus filhos depois dele. A decadência de Gondor começara, e isso não passou despercebido aos seus inimigos. No entanto, só em 1432 da 3ª era se abateu sobre Gondor o primeiro grande mal: a guerra civil da Luta das Famílias!
Minalcar, filho de Calmacil era um homem vigoroso. Em 1240, para diminuir as suas preocupações, nomeou Namacil como regente do reino, e daí em diante governou Gondor em nome dos reis, até suceder ao seu pai. A principal preocupação dele ligava-se ao Homens do Norte.
Estes tinham aumentado o seu número durante a paz, que tinha sido fruto do poder de Gondor. Os Rei privilegiaram-nos, visto que entre os homens, estes eram os que mais se aproximavam dos Dúnedain, visto que eram descendentes dos povos de quem os Edain antigos tinham descendido. Deram-lhes grandes terras para além do Anduin, a sul da Grande Floresta Verde (mais tarde a Floresta Tenebrosa), tanto por este parentesco, como por constituírem uma defesa contra os Homens de Leste, já que os ataques dos Easterlings tinham sido feitos principalmente pela planície existente entre o Mar Interior e as Montanhas de Cinza.
No reinado de Namacil I, estes ataques voltaram, embora, com pouca intensidade. O regente soube que os Homens do Norte sempre permaneciam fiéis a Gondor, e algumas vezes juntavam-se aos Easterlings, quer pela avidez dos despojos, quer devido a rixas entre os seus príncipes. Por causa disso, em 1248, Mincalcar comandou uma grande força e, entre Rhovanion e o Mar Interior derrotou um grande exército de Easterlings e destruiu todos os acampamentos e povoados a leste do Mar. após este sucesso adoptou o nome de Rómendacil II.
No regresso, Rómendacil fortificou a margem ocidental do Anduin até ao influxo do Limlight, e proibiu aos estrangeiros a descida do rio para lá das Emyn Muil. Foi ele que mandou construir as Argonath à entrada para Nen Hithoel. Visto que ele precisava de homens, e queria aprofundar os laços entre Gondor e os Homens do Norte, aceitou muitos ao seu serviço e deu a alguns altos postos no seu exército.
Ora Rómendacil demonstrou um especial favoritismo por Vidugavia, que o ajudara na guerra. Este intitulava-se Rei de Rhovanion, pois era o mais poderoso dos príncipes do Norte, embora o seu reino ficasse entre a Floresta Verde e o rio Celduin (Corredor). Em 1250, o rei de Gondor mandou o seu filho (Valacar) viver com Vidugavia, como embaixador, a fim de familiarizar-se com a língua, os hábitos e a política dos Homens do Norte. Mas Valacar excedeu em muito os desígnios do pai, e casou-se com Vidumavi, filha de Vidugavia. Só regressou a Gondor passado alguns anos. Anos mais tarde, este casamento deu origem à guerra das famílias.
Os Homens importante de Gondor já não viam com bons olhos os Homens do Norte que se encontravam entre eles, e era coisa espantosa que o herdeiro da coroa ou qualquer filho do rei casasse com uma mulher de raça inferior ou estrangeira. Já havia rebelião em províncias meridionais quando o rei Valacar envelheceu. A sua rainha fora uma bela e nobre senhora, mas com uma vida curta, tal como acontecia com os homens inferiores, e os Dúnedain tinham medo que os herdeiros do trono também tivessem vida curta, faltando assim a majestade dos reis de antigamente. Por causa disto, não estavam dispostos a aceitar o filho dela como rei, pois tinha nascido num país estrangeiro apesar de se chamar Eldacar (o seu primeiro nome foi Vinitharya, dado pelo povo da sua mãe).
Quando Eldacar sucedeu ao trono houve então guerra em Gondor. Mas o filho de Valacar não deixou tirarem-lhe facilmente a herança. À linhagem de Gondor, Eldacar tinham também o espírito indómito dos Homens do Norte. Era belo e valente e não mostrava qualquer indício de envelhecer mais rapidamente que o pai. Quando os conspiradores, chefiados por Castamir, neto de Calimehtar e irmão mais novo de Rómendacil II, se levantaram contra ele, resistiu-lhes até ao extremo da sua força. Finalmente, cercaram-no em Osgiliath, onde continuou a resistir, até a fome a superioridade numérica dos rebeldes o obrigaram a fugir, deixando a cidade em chamas. A Torre da Cúpula de Osgiliath foi destruída no cerco e no incêndio a palantír perdeu-se nas águas. Esta luta iniciou-se no ano 1432, e o incêndio de Osgiliath ocorreu no ano de 1437 da 3ª Era.
Mas Eldacar escapou aos inimigos e seguiu em direcção ao Norte, para o seu povo de Rhovanion. Então, muito aí juntaram-se, tanto Homens do Norte ao serviço de Gondor, como Dúnedain das regiões setentrionais do reino, pois tinham aprendido a estimá-lo e a odiar muito mais o seu usurpador.
Além de Castamir ser o mais chegado à coroa por laços de sangue, era também aquele que tinha mais partidários, pois tratava-se do Capitão dos Barcos, que recebia a ajuda dos habitantes das costas e dos grandes portos de Pelargir e de Umbar.
Pouco tempo após se ter tornado rei, os Gondorianos aperceberam-se que este era arrogante e pouco generoso. Era um homem cruel como se pode verificar na tomada de Osgiliath, em que mandara matar Ornendil, filho de Eldacar, que tinha sido aprisionado, e a matança e a destruição provocadas nesta luta de famílias, tinha excedido em muito a necessidade de guerra. O amor pelo rei diminuiu muito em Ithilien e em Minas Anor, quando se percebeu que pouco importância dava às terras, e apenas se interessava com armadas e também porque tencionava mudar a capital de Gondor para Pelargir.
Após dez anos de reinado de Castamir, Eldacar viu que a oportunidade tinha chegada, e partiu do norte, com um grande exército ao qual muita gente se juntou de Calenardhon, Anórien e Ithilien. Travou-se batalha em Lebennin, nos Cruzamentos de Erui, na qual muitos nobres de Gondor morreram. O próprio Eldacar matou Castamir em combate, vingando assim a morte do seu filho. Mas os filhos de Castamir conseguiram fugir e com outros das suas famílias e da sua gente, resistiram longamente em Pelargir.
Quando eles reuniram todas as forças possíveis, fizeram-se à vela e fixaram-se em Umbar, pois Eldacar não tinha barcos para um cerco por mar. Desde esse tempo (1448), Umbar tornou-se um refúgio para todos os inimigos do Rei e num domínio independente da coroa, e manteve-se em guerra com Gondor durante muitas vidas de homem, uma ameaça para as terras costeiras de Gondor e para todo o tráfico marítimo. Este porto nunca foi totalmente vencido até ao reinado de Elessar, e a região do Sul de Gondor tornou-se uma terra disputada entre os corsários e os reis.
A perda de Umbar foi grande, pois o reino ficou encurtado a Sul, perdendo o domínio sobre os homens de Harad, e também porque foi lá que Ar-Pharazôn, último rei de Númenor tinha humilhado Sauron. Mesmo que este acto tivesse trazido grandes desgraças, anos mais tarde, até os fiéis recordavam com satisfação a vinda do exército de Ar-Pharazôn do mar, e em memória disso, tinham erguido um monumento no mais alto promontório do porto, que foi derrubado mais tarde pelo servidores de Sauron quando Umbar caiu sobre o domínio dele. Este era uma grande coluna branca, como monumento evocativo. Coroava-o um globo de cristal que captava os raios do Sol e da Lua e brilhava como uma estrela reluzente que quando estava bom tempo, se via nas costas de Gondor ou muito ao largo, no mar ocidental.
Após o regresso de Eldacar ao trono, o sangue da casa real e de outras casas dos Dúnedain misturou-se muito com os dos homens inferiores, pois muitos nobres de Gondor tinham sido mortos na luta das famílias. Muita gente vinha agora de Rhovanion para se fixarem em Gondor, pois Eldacar demonstrava uma amizade muito especial com os Homens do Norte, que o ajudaram a recuperar o trono. Esta mistura de sangues não acelerou o enfraquecimento dos Dúnedain, mas aos poucos, isso foi sem notando. Em parte também devido à próprio Terra Média e ao lento desaparecimento dos dons dos Númenorianos após a queda de Númenor. Eldacar viveu 235 anos (morrendo em 1490) e o seu reinado durou 58 anos, dos quais 10 em exílio.
Eis um mapa da Guerra das Famílias
Outro grande mal abateu-se sobre Gondor, no reinado de Telemnar, o 26º rei de Gondor, cujo pai, Minardil, filho de Eldacar, foi morto em Pelargir pelos corsários de Umbar. Estes corsários eram comandados por Angamaitë e Sangahyando, netos de Castamir. Pouco tempo depois, um vento de leste trouxe consigo uma peste mortífera, que causou a morte do rei e de todos os seus filhos, e também de grande parte da população que vivia em Osgiliath. Então a vigilância das fronteiras de Mordor cessou e as fortalezas que guardavam os desfiladeiros ficaram desguarnecidas.
Verificou-se mais tarde, que tudo isto aconteceu ao mesmo tempo que a Sombra ia aumentando na Floresta Verde e reapareciam coisas más, sinais que Sauron tinha regressado. Os inimigos de Gondor também sofreram bastante com a peste, visto que não aproveitaram para atacar Gondor quando esta estava fraca, mas Sauron podia esperar, pois o seu principal objectivo era “abrir” Mordor.
Quando o rei Telemnar morreu, as Árvores Brancas de Minas Anor murcharam e morreram também, mas Tarondor, sobrinho e sucessor do rei plantou um rebento na cidadela e transferiu a capital de Gondor para Mins Anor, visto que Osgiliath estava parcialmente deserta e começava a cair em ruínas.
Tarondor que subiu cedo ao trono, teve o reinado mais longo da história de Gondor, mas pouco conseguiu fazer a não ser reordenar o seu reino e desenvolver a sua força. Mas o seu filho, Telumehtar, lembrava-se da morte de Minardil e preocupava-se com os corsários que assaltavam as costas e chegavam mesmo até Anfalas. Finalmente, este reuniu uma grande força e em 1810 tomou Umbar de assalto. Aí foram mortos os últimos descendentes de Castamir, e o porto ficou novamente em poder do Rei. Telumehtar acrescentou ao seu nome, o título de Umbardacil. Mas Umbar não estava destinado a ser para sempre um porto de Gondor e mais tarde foi de novo perdido para as mãos dos Homens de Harad.
O terceiro mal foi a invasão e os constantes ataque dos Viajantes de Carro, que diminuíram ainda mais a força de Gondor durante quase 100 anos. Os Viajantes de Carro eram um povo ou uma mistura de vários povos que vinham do Leste. A diferença entre estes e os Easterlings ou com os Corsários é que eles eram mais forte e estavam mais bem armados. Viajam em grandes carros e os seus capitães combatiam em bigas. Estes estavam espicaçados pelos emissários de Sauron, e resolveram então atacar Gondor de surpresa, e o rei Narmacil II foi morto a combater contra eles, para lá do Anduin em 1856. O povo de Leste e a sul de Rhovanion foi escravizado e as fronteiras de Gondor foram recuadas para o Anduin e as Emyn Muil. Foi aproximadamente nesta altura que os Espectros do Anel (os Nazgûl) reentraram em Mordor.
O rei Calimehtar, filho de Narmacil II, ajudado por uma revolta iniciada em Rhovanion, vingou o pai dando uma grande derrota aos Easterlings em Dagorlad, no ano de 1899, o que permitiu paz durante um certo tempo. Foi no reinado de Calimehtar em Gondor, e de Araphant em Arnor, que estes reinos voltaram a aconselhar-se um com o outro, após muitos anos de silêncio. Esta troca de pensamentos deu-se basicamente por perceberem mutuamente que um só poder negro estava contra os sobreviventes de Númenor. Foi nesta altura que Arvedui casou com Fíriel, filha de Ondher, em 1940. Mas durante muito tempo, nenhum destes reinos pode mandar ajudar ao outro, pois Angmar tinha voltado a atacar Arthedain e os Viajantes de Carro reapareciam em grande número.
Muitos dos Viajantes de Carro passaram por Sul e travaram alianças com os Homens de Khand e do Próximo Harad, e Gondor ficou quase destruído devido aos ataques desferidos a Norte e a Sul.
O Rei Ondoher e ambos os filhos: Artamir e Faramir, morreram em combate à frente da Morannon, e o inimigo entrou em Ithilien. Entretano Eärnil, comandante do Exército Meridional, obteve uma grande vitória a Sul de Ithilien e destruiu o exército de Harad que tinha atravessado o rio Poros. De seguida dirigiu-se em marcha acelerada e reunindo todos quanto pôde do Exército Setentrional em retirada para Norte, e atacou de surpresa o acampamento principal dos Viajantes de Carro, enquanto estes estavam a festejar e a divertir-se pensando que Gondor já tinha caído e que a única coisa que lhes faltava era recolher os despojos. Eärnil atacou o acampamento, incêndio os carros e expulsou o inimigo de Ithilien. Muitos dos que fugiram vieram a perecer nos Pântanos dos Mortos.
Visto que Ondoher e os seus filhos morreram, Arvedui, de Arnor reclamou a coroa a Gondor, pois era descendente directo de Isildur e também porque tinha casado com Fíriel, filha de Ondoher. O mordomo do rei, Pelendur, influenciou bastante a resposta a este pedido, que foi recusado.
O Conselho de Gondor respondeu a Arvedui:
“A coroa e a soberania de Gondor pertencem exclusivamente aos herdeiros de Meneldil, filho de Anárion, a quem Isildur legou este reino. Em Gondor a sucessão só se efectua através dos filhos varões, e não nos consta que a lei seja diferente em Arnor.
Sobre estas palavras, Arvedui respondeu:
“Elendil teve dois filhos, o mais velho dos quais foi Isildur herdeiro de seu pai. Sabemos que o nome de Elendil permanece até hoje à cabeça da dinastia dos reis de Gondor, pois foi considerado rei supremo de todas as terras dos Dúnedain. Enquanto Elendil viveu, a governação conjunta do Sul foi confiada aos seus filhos; mas, quando Elendil morreu, Isildur partiu, a fim de suceder ao pai, e de modo idêntico confiou a governação do Sul ao filho do seu irmão. Não legou a soberania em Gondor nem pretendeu que o reino de Elendil ficasse dividido para sempre.
“Além disso, na antiga Númenor, o ceptro passava para o filho mais velho do rei, quer fosse homem quer mulher. É verdade que a lei não foi observada nas terras de exílio, sempre fustigadas pela guerra; mas tal era a lei do nosso povo, à qual agora nos referimos uma vez que os filhos de Ondoher morreram sem deixar descendência”.
O Conselho não respondeu e mais tarde a coroa foi entregue a Eärnil, o comandante vitorioso, que a reclamou, visto ser da família real, e todos os Dúnedain de Gondor aceitaram-no.
Eärnil era filho de Siriondil, filho de Calimmacil, filho de Arciryas, irmão de Namacil II. Arvedui não insistiu na sua pretensão, pois não tinha nem o poder nem a vontade necessária para se opor à escolha dos Dúnedain de Gondor, que aceitaram Eärnil com toda a força, e também porque aproximava-se o tempo em que o Rei do Norte chegaria ao fim. No entanto, a pretensão nunca foi esquecida, e talvez se o pedido tivesse sido aceite os reis tinham-se mantido e muito mal teria sido evitado.
Arvedui foi efectivamente, o ultimo rei de Arnor, tal como o seu nome indica. Alias, até consta uma história sobre o seu nome: Malbeth, o Vidente disse ao seu pai (de Arvedui!):
“Arvedui lhe chamarás, pois ele será o último de Arthedain. Será dado aos Dúnedain a escolher, e, se eles optarem pelo que parece menos esperanças ter, então o teu filho mudará o nome e tornar-se-á rei de um grande reino. De contrario, muito sofrimento e muitas vidas de homens passarão até os Dúnedain recuperarem o ascendente e ficarem de novo unidos.” E tal veio a suceder.
Eärnil era um homem sensato e nada arrogante. Depois de ser coroado rei, mandou mensagens a Arvedui a dizer-lhe que tal tinha sucedido segundo as leis e necessidades do reino do Sul, e que não esquecia a lealdade perante Arnor, logo ofereceu ajuda a Arvedui para quando este necessitasse.
Mas mesmo assim, passaram longos tempos até se sentir suficientemente seguro para proceder a tal. O rei Araphant, pai de Arvedui, foi aguentando os ataques de Angmar, e quando o seu filho subiu ao trono, fez o mesmo.
Em 1973 chegaram novas noticias a Gondor, de que Angmar estava a preparar o seu ataque final contra Arthedain. Eärnil enviou o seu filho, Eärnur com todas as forças que podia dispensar para norte, por via marítima, mas demasiado tarde foi este auxílio, pois antes de Eärnur chegar a Lindon, o Rei dos Bruxos já tinha conquistado Fornost e Arvedui já estava sepultado no mar.
Quando esta ajuda inesperada chegou aos Portos Cinzentos houve bastante alegria, pois os barcos eram tão numerosos, que tiveram dificuldade em encontrar sitio onde os ancorar. Desses barcos saiu um exército potente, com provisões para aguentar um Inverno. Os cavalos que traziam foram muito elogiados, pois vinham do vale do Anduin.
Então preparou-se a batalha final: Círdan convocou todos aqueles preparados para a guerra, e quando todos estavam prontos o exército atravessou o Meia-Lua, e marchou em direcção a Norte, para desafiar o Rei dos Bruxos, pois dizia-se que ele vivia em Fornost. Orgulhoso, não deixou entrá-los no seu reino de terror e atacou-os quando estavam a caminho, com esperança de repeli-los para a Meia-Lua.
Mas a batalha deu-se de outra maneira, e travou-se a Batalha de Fornost, na planície que ficava entre Nenuial e as Colinas das Antas. Quando as forças de Angmar estavam a ceder, o corpo principal de cavaleiros contornou os montes, e desceu do lado norte, fazendo com que a vitória fosse mais terrível. O Rei dos Bruxos tentou escapar para Norte, com aqueles que conseguiu reunir, mas foi apanhado antes de chegar a Carn Dûm, pelos cavaleiros de Gondor, que eram comandados por Eärnur, e chegou também uma força comandada pelo nobre Glorfindel. Nesse momento sofreu a maior derrota, e nenhum Orc ou criatura vil foi deixada viva para contar esta história.
Mas após as forças de Angmar estarem arrasadas, apareceu o Rei dos Bruxo de repente vestido e mascarado de preto, e montando um cavalo preto. Poderia ter escolhido qualquer guerreiro, mas tinha um objectivo: o capitão de Gondor. E com um grito terrível avançou para ele. Eärnur teria lhe feito frente, mas o seu cavalo assustou-se e levou-o para longe, antes que este o conseguisse dominar.
Então perante todos, o Rei dos Bruxos riu-se, e quem o ouviu nunca mais conseguiu esquecer a sua voz, mas Glorfindel, o único capaz de resistir ao seu negro poder, perseguiu-o nas sombras, mas a noite caiu e ninguém viu para onde ele foi.
Então Eärnur voltou para trás, mas Glorfindel gritou-lhe:
“Não o persigas! Ele não voltará a esta terra. Longe está ainda o seu fim e não será mão de homem que lho dará.” E muita gente não esqueceu as suas palavras, e isso veio verificar-se na Guerra do Anel, quando ele foi destruído por Merry e Éowyn, e Eärnur tornou-se o alvo principal de ódio do Rei dos Bruxos.
Assim terminou o reino de Angmar, e com a morte de Arvedui, também a queda do reino do Norte. Mas passando para a história de Gondor: o Rei dos Bruxos fugiu do Norte e regressou a Mordor, onde convocou os outros Úlairi, dos quais ele era o chefe. Mas apenas em 2000, os Nazgûl saíram de Mordor pelo desfiladeiro de Cirith Ungol e cercaram Minas Ithil que foi conquistada em 2002, e apoderaram-se da Palantír da torre. Não houve nenhuma tentativa de recuperar Minas Ithil durante a 3ª Era, e esta cidade tornou-se um lugar de medo e passou-se a chamar Minas Morgul – a Torre da Bruxaria.
Eärnur parecia-se com o pai em coragem mas não em sensatez. Era um homem forte de corpo e ardente de temperamento, mas recusava-se a tomar mulher porque o seu único prazer era combater ou o exercício das armas. As suas proezas eram tais que em Gondor ninguém conseguia o vencer em desportos de armas, o que o deleitava e que o faziam parecer mais um campeão do que um rei, e também porque lhe permitia conservar a sua força e a sua astúcia até uma idade bastante avançada.
Quando Eärnur recebeu a coroa, em 2043, o rei de Minas Morgul, ou seja, o Rei dos Bruxos desafiou-o para um combate singular, recordando-lhe que não ousou fazer-lhe frente quando se encontraram no Norte. Desta vez, Mardil, o mordomo, conseguiu conter a ira do rei. Minas Anor, que se tinha tornado a cidade principal de Gondor desde o tempo do rei Telemnar, passou a chamar-se Minas Tirith – a Torre da Guarda, pois estava sempre em guarda contra o mal de Morgul.
Acerca de Minas Tirith - A Cidade dos Reis, esta cidade localizava-se na região conhecida como Anórien, na margem ocidental do grande rio Anduin, Minas Tirith era uma cidade, essencialmente, de pedra. A Cidade, construída em uma plataforma do Monte Mindolluin, era dividida em sete níveis ascendentes em direção ao cume da montanha, e cada nível era mais incrustado no flanco da Pedra.
Ao redor de cada nível, havia um grande portão e uma muralha sólida, feita da própria massa da Montanha. Os portões eram dispostos não-linearmente, de modo que cada um se dispunha na direcção de um ponto cardeal: leste, sul ou norte.
Os níveis mais baixos eram ocupados pelos cidadãos comuns e por aqueles que cuidavam das obrigações citadinas mais simples. Eram nestes círculos também que ficavam as hospedarias e estalagens da cidade para abrigar os forasteiros ou convidados menos pomposos.
À medida que se passava para os círculos mais superiores, encontravam-se as casas de nobres e instalações das companhias militares de Minas Tirith. No quinto nível, havia uma passagem para os túmulos onde se enterravam os nobres da cidade que morriam cumprindo seu serviço, mas era no sexto nível que se encontrava o mausoléu dos Senhores da Cidade. Ali, havia uma passagem, chamada de Fen Hollen, que dava acesso a Rath Dínen, a Rua Silenciosa, onde estavam dispostos os túmulos dos Reis dos Homens e seus Regentes. Era ainda no sexto círculo que se encontravam os (poucos) estábulos da Cidade, onde os cavalos dos mensageiros do Senhor eram mantidos.
O sétimo círculo era diferente dos demais. Nele se encontrava a altiva Torre de Ecthelion, que se erguia até a altura de trezentos metros acima da planície do Pelennor. Em frente à Torre, se estendia um grande gramado verde-claro com um lago e, no meio do lago, havia uma fonte e nela, a Árvore Branca dos Reis. Havia também, no sétimo círculo, passagens que levavam aos armazéns das Companhias de Guarda, onde os Guardas citadinos se alimentavam.
A Cidadela, em seu interior, possuía um longo corredor onde perfilavam as estátuas dos antigos Reis de Gondor, mas não havia nenhuma tapeçaria ou ornamento em suas paredes que não fossem de pedra. No lado oposto à entrada dispunha-se o trono do Rei, erguido sob um dossel de mármore e tinha forma de um elmo coroado. Atrás do trono havia, esculpida na parede e adornada com pedras, a imagem da Árvore dos Reis em flor. Abaixo do trono havia outro, sobre um degrau inferior. Era o trono dos Mordomos, uma cadeira de pedra preta sem adornos.
Mapa da localização de Minas Tirith
Mapa de Minas Tirith
Após 7 anos de reinado, o Senhor de Morgul voltou a desafiar Eärnur, acrescentando no seu desafio que o seu coração medroso que o fez fugir dele no Norte tinha também fraqueza devido à velhice. Mardil não conseguiu dominar o rei, e este partiu para Minas Morgul com uma pequena escolta de cavaleiros. Nunca mais houve notícias dele, por isso, o povo de Gondor acreditou que o inimigo traiçoeiro lhe estendeu uma armadilha e que o Eärnur morreu torturado em Minas Morgul. Visto que ninguém presenciou a sua morte, Mardil, Bom Mordomo governou Gondor em seu nome durante muitos anos.
Os descendentes do rei tinham-se tornado poucos e ainda menos com a Luta das Famílias, que também veio trazer a desconfiança dos reis para com os seus familiares mais próximos, ao qual traziam sempre debaixo de olho. Muitas vezes, os suspeitos de serem contra o rei fugiam para Umbar, onde se juntavam aos rebeldes, e outros renunciavam à sua nobre linhagem e casavam-se com mulheres que não eram de sangue numenoreano.
Por estes motivos, não foi possível encontrar um sucessor à coroa de sangue puro que recebesse a aprovação de todos, e além disso, as pessoas lembravam-se da Luta das Famílias e sabiam que se acontecesse novamente, Gondor desapareceria. Assim foi que, embora os anos se prolongassem, o governo de Gondor foi confiado aos Mordomos, enquanto que a coroa de Elendil repousava no colo do rei Eärnil, nas Casas dos Mortos, onde Eärnur a deixara antes de partir para Minas Morgul.
A partir daqui saímos do capítulo da história de Gondor em que o governo é atribuído aos Reis e passa a ser dos Mordomos.
A Casa dos Mordomos chamava-se Casa de Húrin, pois era descendente do mordomo do rei Minardil (1621-34): Húrin de Emyn Arnen, um homem de nobre raça numenoreana. Deste esse tempo, os reis tinham sempre escolhido os seus mordomos entre os descendentes de Húrin, mas após Pelendur, a mordomia passou a ser hereditária, tal como a realeza, ou seja, de pai para filho ou parente mais próximo.
Cada novo mordomo tomava o seu cargo com o juramento de “empunhar o bastão e governar em nome do rei, até ele voltar”. Estas palavras depressa se tornaram apenas uma frase de ritual, visto que o mordomo exercia o poder dos reis. Mas mesmo assim, em Gondor ainda existia muita gente a acreditar que o rei voltaria, e outras lembravam-se do antigo ramo do Norte que continuava a viver na sombra. Mas contra estes pensamentos os Mordomos Governantes endureciam o seu coração.
No entanto, os mordomos nunca se sentavam no antigo trono do rei, e não usavam coroa ou ceptro. Usavam apenas um bastão branco, como símbolo do seu cargo e a sua bandeira era branca e sem divisa, ao passo que a bandeira real era negra e com uma árvore branca em flor sob sete estrelas.
Após Mardil Voronwë, que foi considerado o primeiro da dinastia, seguiram-se 24 mordomos governantes de Gondor até ao tempo de Denethor II, 26º e último. No princípio da dinastia dos mordomos governantes, estes puderam governar em sossego, pois estavam no período de Paz Vigilante (2063 – 2460), durante o qual Sauron recuou perante o Conselho Branco, e os Espectros do Anel permaneceram escondidos no vale de Morgul. Mas a partir do “reinado” de Denethor I, nunca mais houve totalmente paz, e até mesmo quando Gondor não estava directamente em guerra, as suas fronteiras continuavam sob ameaça constante.
Nos últimos anos de Denethor I, saiu pela primeira vez de Mordor a raça dos Uruks, orcs negros de grande força. Em 2475 atravessaram Ithilien e tomaram Osgiliath. Boromir, (nome que mais tarde foi dado a Boromir, o dos Nove Caminhantes), derrotou-os e reconquistou Ithilien, mas Osgiliath foi destruída e a sua grande ponte de pedra partida. Após isto, ninguém mais lá residiu. Boromir foi um dos maiores capitães de sempre, temido até pelo Rei dos Bruxos. Era nobre e belo de rosto, homem forte de corpo e vontade, mas nessa guerra recebeu um ferimento-de-Morgul que lhe encurtou os dias. A dor mirrou-o, e a morte levou-o doze anos depois do pai.
Seguiu-se o longo governo de Cirion, que era vigilante e cauteloso, mas o poder de Gondor diminuirá e ele pouco podia fazer para defender as suas fronteiras que eram atacadas pelos seus inimigos, que entretanto estavam a preparar mais ataques que ele não conseguia impedir. Os Corsários de Umbar atacavam as costas, mas o principal perigo vinha do Norte. Nas vastas terras de Rhovanion, entre a Floresta Tenebrosa e o rio Corredor, vivia um povo totalmente dominado pela sombra de Dol Guldur. Desencadeavam ataques frequentes através da floresta, até que o vale do Anduin, a sul do Gladden ficou praticamente deserto. Estes Balchoth (assim se chamavam) eram cada vez mais, visto que aumentavam com outros da sua raça que vinham do Leste, enquanto que o povo de Calenardhon ia diminuindo. Cirion teve grande dificuldade em manter a fronteira do Anduin.
Quando se apercebeu que estava a ser preparado um grande movimento contra Gondor, o seu pensamento voltou-se, desesperado, para os Éothéod, o povo que vivia para entre a Floresta Tenebrosa e as Montanhas Nebulosas, e decidiu enviar-lhes mensageiros. Mas teriam de atravessar Calenardhon e as Águas Baixas, e depois as terras já vigiadas e patrulhadas por Orcs, antes de conseguirem chegar aos Vales do Anduin. Depois teriam que avançar cautelosamente, até passarem as sombras de Dol Guldur. Era uma distância de cerca 1530 km, através de grandes perigos.
Cirion tinha poucas esperanças de que algum dos seus mensageiros conseguissem chegar. Pediu voluntários, e, escolhidos seis cavaleiros de grande coragem e resistência, mandou-os partir aos pares, com um dia de intervalo entre eles. Cada um levava uma mensagem aprendida de cor e também uma pequena pedra com o selo dos Mordomos inciso, as quais entregariam ao Senhor dos Éothéod em pessoa, se conseguissem chegar a essa terra. A mensagem era dirigida a Eorl, o Jovem, senhor dos Éothéod.
No entanto, Cirion tinha fraca esperança de que, mesmo que recebida, a mensagem tivesse resposta. Nada, a não ser a antiga amizade com Gondor, os poderia fazer vir de tão longe com qualquer força significativa.
O primeiro par de mensageiros partiu no 10º dia de Março; e aconteceu que apenas um dos seus membros, o único de todos seis, a conseguir contactar com os Éothéod.
Tratava-se de Borondir, um grande cavaleiro de uma família que se reclamava descendente de um capitão dos homens do Norte ao serviço dos reis de antigamente. Dos outros nunca se souberam quaisquer notícias, a não ser do companheiro de Borondir: foi morto por setas numa emboscada, ao passarem perto de Dol Guldur, da qual Borondir escapou por sorte e graças à velocidade do seu cavalo. Foi perseguido até aos Campos de Íris e muitas vezes lhe saíram homens vindos da floresta que o obrigavam a desviar-se muito do seu caminho directo. Chegou finalmente junto dos Éothéod passados 15 dias, os dois últimos dos quais sem comida; e estava tão esgotado que mal pôde repetir a sua mensagem para Eorl.
Eorl reflectiu em silêncio; mas não tardou a decidir que iria em socorro de Gondor.
Ao fim de alguns dias, o exército foi reunido, ficando só alguns centos de soldados a proteger o povo, pois Eorl compreendeu que seria necessária toda a sua força e tinha de arriscar tudo, ou Gondor cairia.
Eorl comandou uns 7000 cavaleiros completamente armados e algumas centenas de archeiros a cavalo. Partiram com pouca esperança, pois não sabiam o que os esperava, quer no caminho, quer no seu fim.
Borondir caminhava à direita de Eorl para, na medida do possível, servir de guia, pois passara recentemente por aquelas terras. A grande hoste não foi atacada nem ameaçada durante a sua longa viagem; e quando passaram junto de Lórien, uma névoa branca protegeu-os, fazendo com que passassem em segredo perto de Dol Guldur: a Senhora da Floresta Dourada protegia-os.
O exército de Gondor encontrava-se em perigo: os Balchoth que tinham construído muitos barcos e muitas jangadas grandes, avançaram pelo rio e puseram os defensores em debanda. Um exército que marchava para Sul foi interceptado e empurrado para norte, pelo Limlight, e aí subitamente atacado por uma horda de orcs das montanhas e repelido para o Anduin.
Os invasores atacavam por vários lados e Cirion perdera já toda a esperança quando, inesperadamente, os cavaleiros surgiram do norte e lançaram-se contra a retaguarda do inimigo. A sorte da batalha inverteu-se e o inimigo foi repelido, com pesadas baixas.
Eorl comandou os seus homens na perseguição e grande foi o medo inspirado pelos cavaleiros do Norte aos invasores.
As trompas dos Rohirrim soaram pela primeira vez em Gondor. Eorl, o Jovem, avançou com os seus cavaleiros, pôs o inimigo em debanda e perseguiu os Balchoth até à morte nos campos de Calenardhon.
Como recompensa e reconhecimento pelo auxílio prestado, numa hora de tão grande necessidade, Cirion, mordomo de Gondor, deu Calenardhon a Eorl e ao seu povo, pois sabia que os Éothéod tinham-se tornado um povo muito numeroso para a sua terra no Norte. Em troca exigiu apenas ajuda e amizade mútua; e Eorl fez um juramento a Cirion, em seu nome e de todo o seu povo, que prestariam ajuda a Gondor sempre que dela necessitassem, e que os inimigos de Gondor seriam os seus inimigos. O dia da prestação de juramento foi considerado o primeiro dia do novo reino, quando Eorl tomou o título de rei da Marca dos Cavaleiros. O termo "marca" significa uma terra de fronteira, especialmente quando servia de defesa das terras interiores de um reino, mas em Gondor chamavam à sua terra Rohan e ao seu povo Rohirrim; aí passaram a viver como homens livres, com as suas próprias leis e os seus próprios reis, mas em aliança perpétua com Gondor. Nunca nenhuma aliança entre povos foi tão fielmente respeitada como a de Gondor e Rohan.
No tempo de Beren, 19º mordomo, abateu-se sobre Gondor um perigo ainda maior: de Umbar e do Harad vieram três grandes esquadras, havia muito tempo preparadas, e atacaram com grande força as costas de Gondor. O inimigo efectuou muitos desembarques e conseguiu ocupar posições tão a norte como as bocas do Isen. Ao mesmo tempo, Rohan foi atacada pelo Oeste por Leste, ficando a sua terra dizimada e viram-se empurrados para os vales das Montanhas Brancas. Nesse ano (2758), o Longo Inverno iniciou-se com grande frio e grandes neves vindos do Norte e Leste e que duraram quase 5 meses. Elmo de Rohan e ambos os seus filhos pereceram nessa guerra e houve miséria e morte em Eriador e em Rohan. Mas em Gondor a desgraça foi menor, e antes da primavera, Beregond, filho de Beren, vencera os invasores e mandou imediatamente auxílio a Rohan. Beregond foi o maior capitão de Gondor a seguir a Boromir., e quando sucedeu ao pai, em 2763, Gondor começou a recuperar destes ataques. Mas Rohan levou bastante tempo a sarar destes ataques. Foi por esta razão que Beren acolheu de braços abertos Saruman e lhe deu as chaves de Orthanc, e a partir de esse ano (2759), Saruman viveu em Isengard.
Foi no tempo de Beregond, que se travou nas Montanhas Nebulosas a Guerra dos Anões e dos Orcs (2793-9), da qual apenas vagas noticias chegaram ao Sul. Por fim, alguns orcs fugiram de Nanduhirion e tentaram atravessar Rohan para se fixarem nas Montanhas Brancas, e por causa disso durante muitos anos se travou luta nos vales até o perigo terminar.
Quando Belecthor II, 21º mordomo morreu, a Árvore Branca morreu também em Minas Tirith, mas foi deixada no seu lugar “até o rei voltar”, visto não se encontrar nenhum rebento.
No tempo de Túrin II, os inimigos de Gondor recomeçaram a agir, pois Sauron tornara-se novamente poderoso e o dia da sua sublevação aproximava-se. As pessoas de Ithilien partiram excepto as mais resolutas, e seguiram para Oeste pelo Anduin, já que a terra estava infestada de Orcs de Mordor. Foi Túrin que mandou construir em Ithilien refúgios secretos para os seus soldados, nomeadamente Henneth Annûn que foi o mais longamente guardado e guarnecido. A ilha de Cair Andros (este nome significa “Barco de Espuma Comprida”, e foi dado à ilha devido a ter a forma de um barco com a proa alta, contra a qual a espuma branca do Anduin se quebrava nas rochas aguçadas, a apontar para norte) foi também fortificada para defender Anórien. Mas o perigo principal para Gondor encontrava-se no Sul, onde os Haradrim tinham conquistado Gondor Meridional e onde se tratavam muitos combates ao longo do Poros. Quando Ithilien foi invadida por grandes forças, o rei Folcwine de Rohan cumpriu o Juramento de Eorl e pagou a sua dívida pelo auxílio prestado por Beregond, enviando muitos homens para Gondor. Com a sua ajuda, Túrin obteve uma vitória na travessia do Poros, mas os filhos de Folcwine caíram em combate. Os cavaleiros sepultaram-nos à maneira do seu povo, mas colocaram-nos num só monte pois eram irmãos gémeos. O monte, Haudh in Gwanur, ergueu-se durante muito tempo no alto do barranco do rio, e os inimigos de Gondor receavam passar por lá.
Turgon sucedeu a Túrin, e no seu tempo, Sauron voltou a Mordor e impôs-se abertamente. Barad-dûr foi reconstruída, e o Monte da Condenação entrou em chamas fazendo com que os últimos habitantes de Ithilien fugissem. Quando Turgon morreu, Saruman considerou Isengard sua e fortificou-a.
Ecthelion II, filho de Turgon, era um homem sensato. Com o poder que herdou, começou a reforçar o poder do reino, para que pudesse resistir a qualquer ataque de Mordor. Encorajou todos os homens de valor, tanto de perto como de longe, a se colocar ao seu serviço, e aqueles que se revelavam de confiança ganhavam altos cargos e recompensas. Muitos dos seus actos foram feitos com o auxílio de um grande capitão de que ele gostava acima de todos: Thorongil, a Águia de Estrela, pois tinha uma visão rápida e aguda e usava uma estrela de prata na capa. Ninguém sabia o seu verdadeiro nome, nem de onde vinha. Tinha vindo de Rohan, do serviço de Thengel, rei dos Rohirrim, mas não pertencia a este povo. Era um grande condutor de homens, quer fosse por mar como por terra e desapareceu na sombra, tal como apareceu, antes da morte de Ecthelion.
Para saber mais acerca de Thorongil (Aragorn) siga este link
Thorongil advertia muitas vezes o mordomo, em relação ao perigo que os Corsários de Umbar transmitiam e que constituíam. Este porto também era um perigo para os feudos do Sul, e poderia se tornar falta se Sauron declarasse guerra aberta. Por fim, o mordomo concedeu que, acompanhado por alguns homens, Thorongil fosse pessoalmente a Umbar. Aí, durante a noite chegou inesperadamente ao antigo porto de Gondor. Incendiou uma grande parte da esquadra dos corsários, e matou pessoalmente o capitão do porto, em combate no cais, e após isso retirou com a sua pequena esquadra que pouco sofrera neste ataque, que enfraqueceu os Corsários durante um tempo. Mas quando regressavam a Minas Tirith, pois era esperado com grandes honras, parou em Pelargir e recusou-se a seguir caminho para espanto e desgosto dos companheiros.
Enviou uma mensagem de despedida a Ecthelion: Outras tarefas me chamam agora, senhor, e muito tempo e muitos perigos passarão antes que volte a Gondor, se voltar for o meu destino. Ninguém imaginava que tarefas eram essas ou para onde se dirigia. A última vez que o viram, atravessou o Anduin e estava com o rosto voltado para as Montanhas da Sombra.
Como mais tarde se veio a descobrir, Thorongil não era nem mais nem menos que Aragorn, filho de Arathorn, herdeiro de Isildur, que se tornou Rei de Gondor e Arnor na 4ª Era.
A partida deste valoroso capitão entristeceu a cidade, e pareceu a todos os homens ser uma grande perda. Nem a todos… pois Denethor, filho de Ecthelion estava apto a assumir a mordomia, e foi o que aconteceu passado 4 anos, quando o pai morreu.
Denethor II era um homem orgulhoso, alto, valente e majestoso como não tinha aparecido em Gondor há muitos anos! Era também sensato e previdente e conhecedor da tradição. Na realidade, ele era tão perecido com Thorongil que parecia que existia um pequeno laço de sangue entre estes dois, mas Denethor ficava sempre em segundo lugar no coração e na estima do seu pai, pois à frente dele ficava o nobre Thorongil. Muitas pessoas pensaram que Thorongil partiu antes de o seu “rival” se tornar senhor, mesmo que Thorongil nunca tenha competido com Denethor nem se ter considerado mais servidor do pai deste. Apenas numa questão é que Thorongil e Denethor divergiam: Thorongil aconselhava sempre Ecthelion a não confiar em Saruman, O Branco que vivia em Isengard, e sim em Gandalf, o Cinzento. Quando Denethor chegou ao poder, o Peregrino Cinzento começou a ter pior acolhimento em Minas Tirith, e mais tarde, muitos se convenceram que a razão deste “hostilidade” era devido ao mordomo ter olhado para a Palantír de Minas Anor, e ter descoberto quem era afinal Thorongil pensar que este o queria o substituir com a ajuda de Mithrandir.
Quando Denethor se tornou mordomo em 2894, verificou-se que era um senhor imperioso, que segurava com as suas próprias mãos o governo de Gondor. Falava pouco, e escutava os conselheiros, mas depois fazia apenas o que entendia. Casara tarde, com Finduilas, filha de Arahil de Dol Amroth, em 2976. Esta era muito bela, e meiga de coração e morreu 12 anos após o casamento. Denethor amava-a acima de tudo, à sua maneira, excepto talvez o primogénito dos filhos que o casal teve. Os Homens de Gondor tinham a impressão que ela estiolava na cidade guardada, como uma flor dos vales marítimas transplantada para um rochedo árido. A sombra de Leste enchia-a de terror, e virava-se muitas vezes a olhar para Sul, para o mar, do qual tinha saudades.
Após a sua morte, Denethor tornou-se mais taciturno e calado do que antes, e passou a passar grande parte do seu tempo na torre, absorto nos seus pensamentos, convencido que o ataque de Mordor aconteceria ainda durante a sua vida. Com “fome” de saber, e orgulhoso da sua própria força, ousou olhar para a Palantír da Torre Branca. Nenhum outro mordomo tinha ousado olhar para a pedra nem o próprio Eärnil ou Eärnur após a queda de Minas Ithil para as mãos do inimigo, em que a Palantír de Isildur ficara nas mãos do inimigo.
Desta maneira, Denethor adquiriu grande conhecimento de coisas que se passavam no reino dos Dúnedain do Sul, e até ia muito mais longe, o que deixava os homens maravilhados quando utilizava esse conhecimento. Mas estes conhecimentos tiveram um preço bastante elevado: a constante luta contra Sauron, que possuía a Pedra de Minas Ithil, envelheceu-o rapidamente. Assim, o orgulho foi crescendo dentro do Mordomo a par com o desespero, até ele ver em qualquer acontecimento da sua época, um combate singular entre o Senhor da Torre Branca e o Senhor de Barad-dûr, e desconfiar em todos aqueles que resistiam a Sauron, a não ser aqueles que o servissem exclusivamente a ele, Denethor.
Assim chegou o tempo da Guerra do Anel e os filhos de Denethor cresceram e tornaram-se grandes capitães. Boromir, 5 anos mais velho que o seu irmão, era adorado pelo pai e parecido com ele nas feições e no orgulho, mas em pouco mais. Boromir era como Eärnur, ou seja, sem querer tomar mulher e encontrando nas armas o seu maior prazer. Era destemido e forte, pouco ligava à tradição, a não ser em relação às histórias de antigas batalhas. Faramir, o mais novo, era como ele em aspecto, mas de diferente espírito. Era como o pai, pois lia o coração dos homens, mas inclinava-se mais depressa para a compaixão do que para o escárnio. Visto que era brando no trato e amante da música e da tradição, muitos consideravam a sua coragem inferior ao irmão, mas tal não acontecia, pois a única diferença entre eles, era que Faramir não procurava glória no perigo a não ser que tivesse um objectivo. Recebia bem Gandalf nas ocasiões em que este ia a Minas Tirith, e aprendia o que podia com o Istar, o que (como em outros assuntos) desagradava ao pai.
No entanto existia amor entre os irmãos, pois desde a infância que Borormir fora o auxiliar e protector de Faramir. Por isso não existia entre eles inveja nem rivalidade, que pelo favoritismo do pai por Boromir, quer pelos louvores dos Homens. Faramir acreditava que em Gondor não havia ninguém que conseguisse competir com Boromir, e ele próprio também acreditava nisso. Mas quando foi posto à prova, verificou-se que assim não era. Entretanto, sobre os feitos destes 3 (Denethor, Faramir e Boromir), mais se conta durante a Guerra do Anel.
Após a Guerra do Anel, Aragorn, filho de Arathor, herdeiro de Isildur regressou a Mins Tirith e foi coroado Rei do Reino Reunificado de Gondor e Arnor. E assim acabou o reinado dos Mordomos Governantes. Com o Rei Elessar as terras de Gondor e Eriador foram reunidas novamente sobre a Bandeira Branca dos Reinos Unidos, e sua capital, Minas Tirith ficou sendo o centro do governo. No seu tempo, a cidade de Minas Tirith tornou-se mais bela do que nunca tinha sido, me mesmo nos dias de Glória. Encheu-se de árvores e de fontes. As portas da cidade passaram a ser de Mithril e aço, e as ruas foram pavimentadas de mármore branco. Isto deu-se graças a um grupo de anões de Erebor que vieram a convite do Rei Elessar, pois Gimli, filho de Glóin fez parte da Irmandade do Anel. Elfos da Floresta das Folhas Verdes, migraram e fixaram-se em Ithilien que se tornou novamente num dos lugares mais belos de Gondor, que passou a ser posse de Faramir. E também trabalharam em Minas Tirith, que passou a ser mais verde. Após estar tudo sarado e arranjado, as casas encheram-se de homens e mulheres e do riso das crianças e não havia nenhuma janela cega nem nenhum pátio deserto. E depois da 3ª Era do Mundo, a nova era preservou a recordação e a glória dos anos que tinham passado. A paz foi assinada com os povos de Harad, e mais nenhum “grande” inimigo ficou com alguma posse de terra definitiva, visto que agora o Reino de Gondor estendia-se até Umbar e mais!
Na época de Éomer, Rei de Rohan, os homens da Terra dos Cavaleiros desejaram paz, e a tiveram. E o seu povo cresceu nos vales e nas planícies, e seus cavalos se multiplicaram. Éomer honrou o juramento de seu antepassado, Eorl, no suporte a Gondor, que mesmo após a destruição de Sauron, precisou subjugar muitos inimigos remanescentes antes que a paz definitiva fosse conquistada. E, para onde quer que o rei Elessar conduzisse uma guerra, o rei Éomer o acompanhava, e além do Mar de Rhûn e nos distantes campos do sul, o trovão da cavalaria dos rohirrim foi ouvido, e o estandarte do Cavalo Branco sobre um Campo Verde tremulou em muitos ventos até, Éomer ficar velho.
Gondor ainda fez uso constante da navegação pelo rio Anduin mantendo seu porto mais importante na cidade de Pelagir. Em Lamedon houve o predomínio da agricultura e em sua região mais montanhosa o pastoreio simples. Já em Libennin o comércio e os mercados públicos cresceram muitos nos últimos anos, o que trouxe também grupos menores de ladrões e maus negociantes, sempre visando os menos atentos.
Apesar do grande crescimento e dos tempos de paz após as ultimas Batalhas do Rei Elessar, Gondor ainda guarda certos lugares onde o temor pelo oculto é grande. Dizem que no passado o Rei viajou pelo Caminho dos Mortos, uma região a muito esquecida e amaldiçoada, chegando a Erech após percorrer um grande corredor entre as montanhas. Ali ele convocou os mortos que não serviram ao juramento de Isildur e por isto jamais haviam encontrado a paz, mesmo após a morte. Diz-se que após cumprirem seu juramento, nos momentos finais da Guerra do Anel, nunca mais voltaram a região, encontrando descanso. Mas, algumas histórias dão conta de que a região e a própria Sendas dos Mortos ainda guardam temores ainda maiores e criaturas malditas rondam seu corredor.
Elessar planejou reconstruir a cidade de Minas Morgul, mas os grandes investimentos necessários para reunificar o reino, e para apaziguar as terras longínquas foram gigantescos, e o sonho de repovoar Minas Ithil tornou-se apenas uma ideia vaga. Na época da morte deste, a cidade tornou-se uma imensa ruína, esconderijo de bandidos e criaturas solitárias.
Mapa do Reino Reunificado
Assim acabam as histórias sobre a Terra da Pedra!
Apêndices:
Ilustrações:
Minas Tirith:
Minas Tirith de John Howe
Minas Tirith de Alan Lee
Minas Tirith de Félix Sotomayor
Minas Tirith de Ted Nasmith
Minas Tirith do Filme
Aqui está um link, onde poderá esclarecer qualquer duvida sobre a genealogia das personagens. Desde a fundação de Númenor até à reunificação de Arnor e Gondor por Aragorn.
O Ramo Meridional
Herdeiros de Anárion
Reis de Gondor: Elendil, (Isildur e) Anárion †S.E.3440, Meneldil filho de Anárion 158, Cemendur 238, Eärendil 324, Anardil 411, Ostoher 492, Rómendacil I (Tarostar) 1541, Turambar 667, Atanatar I 748, Siriondil 830. Seguiram-se os quarto “reios dos barocs”':
Tarannon Falastur 913. Foi o primeiro rei sem descendência ao qual sucedeu o filho do seu irmão Tarciryan. Eärnil I †936, Ciryandil †1015, Hyarmendacil I (Ciryaher) 1149. Gondor atingiu nesta altura o apogeu do seu poder.
Atanatar II Alcarin “O Glorioso” 1226, Narmacil I 1294. Foi o Segundo rei sem descendência e sucedeu-lhe o seu irmão mais novo. Calmacil 1304, Minalcar (regente 1240-1304), coroado como Rómendacil II 1304, falecido em 1366, Valacar No seu tempo iniciou-se a primeira tragédia de Gondor, a Luta das Famílias.
Eldacar filho de Valacar (ao princípio chamado Vinitharya) deposto em 1437. Castamir, o Usurpador, †1447. Eldacar restaurado, morreu em 1490.
Aldamir (Segundo filho de Eldacar) †1540, Hyarmendacil II (Vinyarion) 1621, Minardil †1634, Telemnar †1636. Telemnar e todos os seus filhos pereceram vitimados pela peste; sucedeu-lhe o sobrinho, filho de Minastan, segundo filho de Minardil. Tarondor 1798, Telumehtar Umbardacil 1850, Narmacil II †1856, Calimehtar 1936, Ondoher †1944. Ondoher e os seus dois filhos foram mortos em combate. Passado um ano, em 1945, a coroa foi dada ao vitorioso general Eärnil, descendente de Telumehtar Umbardacil, Eärnil II 2043, Eärnur †2050. Aqui a linhagem dos reis chegou ao fim, até ser restaurada por Elessar Telcontar in 3019. O reino passou a ser governado pelos Mordomos.
Mordomos de Gondor. Casa de Húrin: Pelendur 1998. Governou um ano, após a queda de Ondoher, e aconselhou Gondor a rejeitar a reivindicação de Arvedui à coroa. Vorondil O Caçador 2029. Mardil Voronwë o Firme, primeiro dos Mordomos Governantes. Os seus sucessores deixaram de usar nomes em élfico superior.
Mordomos Governantes. Mardil 2080, Eradan 2116, Herion 2148, Belegorn 2204, Húrin I 2244, Túrin I 2278, Hador 2395, Barahir 2412, Dior 2435, Denethor I 2477, Boromir 2489, Cirion 2567. No tempo deste mordomo, os Rohirrim foram para Calenardhon.
Hallas 2605, Húrin II 2628, Belecthor I 2655, Orodreth 2685, Ecthelion I 2698, Egalmoth 2743, Beren 2763, Beregond 2811, Belecthor II 2872, Thorondir 2882, Túrin II 2914, Turgon 2953, Ecthelion II 2984, Denethor II: últimop dos mordomos governantes, sucedeu-lhe o segundo filho, Faramir, Senhor de Emyn Arnen.
Artigo escrito por Eru o Único
com a colaboração da Gwen e do Eöl